quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ainda Julia

parte cinco.

Julia percebeu que até aquele momentos estava tudo bem entre eles, as coisas só começaram a mudar a partir do dia em que, sem querer (?), eles se beijaram, próximo ao dia em que Gabi veio passear na cidade. Depois daquilo Levi sumiu por dois meses e mudou. Ulisses, Tereza e Mateus (seus colegas de intervalo) estavam na mesa de sempre, mas Levi não. Samuel disse que talvez ele tivesse brigado com Gabi, porque ele andava calado, não conversava, só respondia às perguntas.
Ela não teve coragem de ligar pra ele, não sabia o porquê da misantropia, vai que tudo era culpa daquele beijo e ela tinha ferido ainda mais o relacionamento não tão estruturado deles...
Durante os dois meses que se passaram distante de Levi, Julia não teve muito que fazer. Vez por outra se sentava à mesa com os amigos dele. Sem querer, um clima foi se formando com Mateus, Ulisses e Tereza namoravam há quase um ano e, como Levi havia lhe dito, Mateus olhava diferente pra ela. Eles ficaram por algum tempo, por quase dois ou três meses ela suspeitava, não tinha tanta certeza.
Foi só no aniversário do Arnaldo que encontrou Levi e pôde conversar rapidamente com ele. Ele estava feliz novamente, estava animado. Disse que andou estudando pro vestibular do fim do ano e que estava com saudades de escutar boas músicas com ela. 
Aquela época foi de muita felicidade para ela, Mateus era um cara incrível, carinhoso, bonito, falante, inteligente. E estar ao lado dele foi muito bom, enquanto durou. O relacionamento foi se desgastando devido à pressão do vestibular. Mateus ia tentar ITA, o vestibular mais difícil do país, e não tinha tempo pra ficar de namorico com a garota do segundo ano... Foi isso que Julia pôs na cabeça, pra não sofrer com a separação, por isso o rompimento não deixou marcas ruins nela, pelo contrário. Com o distanciamento de Mateus, Levi se sentiu mais a vontade para voltar a frequentar sua casa à tarde. Ele não queria que o amigo pudesse ficar chateado de alguma maneira com a amizade deles... 
Julia lembrou que Levi também havia passado por novas experiências, naquele período. Samuel estava lhe levando às festas movidas por "ultimas paradas internacionais", que as meninas mais bonitas da cidade frequentavam, nessa época Levi arrumou muitas “amigas”, o que não atrapalhou nem um pouco o ritmo dos seus estudos ou o tempo em que passavam juntos. Era engraçado vê-lo mais parecido com o Samuel, ao mesmo tempo que não conseguia perder aquela autenticidade que só ele possuía. Parecia que o tempo que passou pra se recuperar do "impacto" causado por Gabi tornou Levi mais confiante em si. 
O ano que chegou trouxe novidades, Levi, assim como Mateus e Ulisses tinham sido aprovados. Mateus teve que viajar e Ulisses e Levi iriam cursar faculdade ali mesmo, na cidade. Mais uma vez, Julia achava que Levi estava diferente e ela passou a não se interessar tanto por suas novidades, pensando bem, ela acho que ela estava diferente, também, estava preocupada com o seu vestibular, tinha medo de assim como Tereza, não conseguir passar. E foi isso, essa "diferença", e talvez até mesmo a indiferença, que atrapalhou muito o relacionamento deles.
Foi um ano muito difícil, cada um passou de um lado e só depois desse ano de tensão e a aprovação no vestibular, que ela relaxou. Passou a frequentar novamente as festinhas da galera, e começou a perceber que não encontrava mais Levi em nenhuma delas, assim a saudade bateu de forma desesperadora. Tudo que ela queria era ter Levi de volta, só pra ela, como nos tempos de 2º ano. Eles voltariam a dividir o mesmo universo, agora universitário, e poderiam ficar juntos novamente. Ela tinha muito o que dividir com ele e queria muito que ele a quisesse de volta, já que na época da neurose do vestibular ela não tinha sido muito agradável com ele, tanto que por um momento ele perdeu a paciência e se afastou. 
Por um acaso, encontrou com Levi, e não resistiu. Assim que o viu, gritou seu nome e o abraçou. Ele parecia desconcertado em tê-la nos braços, mas ela percebeu como o coração dele também batia forte, Ali, nos batimentos dele ela confortou a cabeça. Naquela madrugada, eles conversaram muito. Ela percebeu que acontecia alguma coisa diferente, quando estava com ele, porque além de pensar nele até quando não queria, quando estava ao seu lado sentia contrações ventriculares prematuras, como disse alguém em um filme que viu.
Isso tudo era o mais estranho. Desde que Mateus foi embora, sempre que se imaginava com alguém, Julia pensava em Levi. Foi ali, naquele instante, que ela percebeu que não queria ser só amiga dele, por isso eles viviam se deixando e se buscando, por isso que ela caçava por ele em todas as festinhas que ia, e por vários outros motivos que vinham como turbilham na sua cabeça. Então, no calor da emoção, Julia agiu de forma aventureira, ousada e decidida, se aproximou de Levi e o beijou. Para ela, aquele tinha sido melhor amanhecer de sua vida, ao som de 3x4 pôde ficar nos braços do seu grande amigo, por quem foi apaixonada desde o primeiro momento, mas nunca assumiu, nem pra si. 
Desde aquele sábado maravilhoso, ela não conseguia não pensar em Levi, não conseguia dormir sem sonhar com ele nem conseguia ouvir qualquer uma das “músicas deles” sem ter que controlar de forma extremamente forte a vontade de ligar para ele. Por um motivo banal, achou que não deveria ligar no domingo, para não parecer tão carente ou grudenta. Não ligou na segunda por que teve um dia cheio e à noite ele estaria no francês, então, sem aguentar mais seus pensamentos ensurdecedores ligou na terça, antes do intervalo. 
E quem atendeu foi Sofia. Julia estava confusa, atordoada. Como ela atendeu o celular dele se eram 08h30min? Será que ela dormiu na casa dele? Será que ele contou a ela sobre sábado? Esse telefonema fez com que Julia pensasse milhares de hipóteses, tanto positivas, como o caso dele querer vê-la logo e contar tudo, para não iludi-la, quanto negativas, como no caso dele ter se arrependido e ter ido vê-la logo cedo. Julia se sentiu perdida. No momento, só queria que Levi ligasse para ela, mas ele não ligou até agora  e ela  estava  ali, deitada sobre os livros, perdida e sozinha no meio de tantas histórias que não eram a dela.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Julia


Levi tinha prova de Matemática Aplicada a Engenharia Civil às 9:30 e já havia acordado tarde e perdido a aula de Materiais de Construção Civil I, estava no banho quando seu celular tocou. 
- Levi, seu celular tá tocando. 
- Quem é? – Gritou Levi do banheiro. 
- Não sei, é de um número que não está na sua agenda. 
- Atende então. 
E Sofia atendeu. 
- Alô? 
- Eu queria falar com o Levi... 
- Ele tá no banho, quer deixar recado? 
- Dona Rita, pede pra ele ligar pra Julia assim que sair do banho, tá? 
- Não, não é a mãe dele, é a Sofia, mas eu peço sim. 
- Ah, Sofia... desculpa. 
- De boa Julia, até logo. 
Julia passou o dia com aquele diálogo na cabeça. Devolveu o celular da colega e sentiu como se a aula de Introdução às Relações Internacionais tivesse passado em um piscar de olhos, ela nem escutou o que a professora falou sobre os sujeitos das relações internacionais. Assim que a aula acabou resolveu ir pra biblioteca. Lá, baixou a cabeça e resolveu fazer uma rápida retrospectiva do seu relacionamento com Levi.
Recordou-se da chegada deles à cidade, do frisson que eles causaram, de como Samuel despertava o interesse das meninas do colégio e de como, por um acaso do destino, eles ficaram amigos.
Lembrou-se que conheceu Levi através das caronas que Samuel fazia questão de oferece a ela, a partir do momento que Levi ganhou o carro e passou a ir com ele para o cursinho.
Veio à sua memória as características que notou em Levi, logo de princípio, diferentemente de Samuel, que tinha a capacidade de agrupar pessoas ao seu redor, Levi não era muito adepto a grupos, ela percebeu que ele sentava na mesma mesa todo intervalo e com as mesmas pessoas, dois meninos e uma menina. Julia gostava de observar Levi, talvez porque ele fosse mais reservado, mas ao mesmo tempo leve, sério ao mesmo tempo em que transparecia bom humor. Julia gostava disso, dessa dualidade. 
Alvitrou em seguida a primeira vez que conversaram,  foi no carro, depois de quase um mês que ela voltava de carona com os irmãos. Levi havia ligado o rádio e estava tocando Los Hermanos, então Julia falou sem pensar: 
- Sério que você gosta deles? O povo daqui só conhece Anna Julia! 
- Gosto sim. Levi respondeu olhando pelo retrovisor. Já ouviu o CD novo? 
- E eles têm CD novo? 
- Não. - Sorriu desconcertado. - Eu quis dizer o ultimo... 
- Ah sim, ouvi sim. Eu tenho todos. 
- Sério? Eu não tenho o primeiro, não consegui comprar, aquele que tem Primavera... 
- Eu te empresto e você copia. 
- Ah beleza então! 
- Nossa, eu pensei que só o Levi sofria escutando isso hoje em dia... - Interrompeu Samuel.
- Cala a boca Samuel! - Levi falou, já como um bordão. 
- Hahaha, que nada, eu adoro. Escuto sempre. 
- Liga não Julia, o Samuel só curte o que rola nas paradas internacionais. 
- Pelo menos são artistas que não acabaram... 
- Epa Samuel, não pode falar mal dos Los Hermanos viu?! - Brincou Julia. 
- Hahaha, olha que eu deixo de te dar carona viu?! 
- Nem é você que dirige! Não se preocupa Julia, eu te levo! 
Desse dia em diante, eles se falaram todos os dias. Ela levou o CD pra ele copiar e depois eles foram descobrindo outras coisas em comum. A amizade deles foi ficando a cada dia mais forte e no seu aniversário Levi deu à ela o DVD dos Los Hermanos na Fundição Progresso.
Foi desde então que passaram a se encontrar à tarde. Primeiro para ver o DVD, várias e várias vezes. Tentando entender cada música, discutindo interpretações e pesquisando contextos. Com o tempo e a intimidade, foram sendo cúmplices e foram aprendendo a conviver muito bem um com outro. 
Até aí, só coisa boa...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sofia e seu amor livre


Só foi o carro deixar a calçada de Julia que Samuel bombardeou Levi com perguntas.
- Eu sabia que não era só amizade essa coisa com a Julia!
- Era só amizade sim, Samuel.
- Então quer dizer que hoje foi a primeira vez que vocês ficaram?
- Foi sim.
- E todas as tardes que você passava na casa dela?
- O que é que tem?
- Nunca rolou nada?
-Não Samuel! Por que tu insiste nisso?
- Caraca Levi, eu sabia que tu era mole, mas não assim...! Todo mundo sabe que a Julia é louca por ti!
- Nada haver, nós éramos amigos na época do colégio.
- E agora?
- Agora não sei. Deixa que o amanhã cuida do amanhã.
- Quem diz isso é a Sofia...
- É...

Sofia... desde que deixou Julia em casa metade dos seus pensamentos eram ocupados por ela, quer dizer, ela ocupava metade dos seus pensamentos desde que a conheceu. Ele estava sempre preocupado em amá-la e não entendê-la, como sugeriu Vinícius de Moraes.
- Levi! Eu to falando contigo!
- O que é?
- Quer que eu dirija o carro? Tu não presta atenção nem em mim, imagina no trânsito...
- Claro que não, você bebeu. Eu vou prestar atenção, fala aí...
- Você vai contar pra Sofia?
- Vou, lógico.
- Por quê? Você se arrependeu?
- Acho que não...
- Então, vai contar pra quê? Eu prometo que não falo...
- Não se trata disso Samuel.
Interrompeu Levi. Eu estou com ela, então devo dizer a verdade à ela.
- Mas você nem colocou namorando com ela no facebook...
- Grande merda um status de facebook. Não coloquei porque não estou...
- Você não tá namorando com a Sofia?
- Não. Ela não quer namorar comigo...
- Aposto que a Julia quer! Ela é afim de você desde a época do colégio...
- Ah, cala a boca Samuel!

Quando Sofia chegou Levi quis conversar com ela, depois do francês. Na segunda.
- On as besoin de parler. A gente precisa conversar.
- Seulement dans mon lit. Tu me manque tellement. Só se for na minha cama. Tô morrendo de saudade.
- Sérieusement Sofia! Il faut qu'on parle. Serio Sofia, quero falar contigo.
- J'ai déjà dit, seulement dans mon lit! couche avec moi? Já disse, só se for na minha cama! Dorme comigo?
- Não sei se você vai querer dormir comigo...
-Nem eu. Dormir está em segundo plano... Ela sorriu, ele ficou envergonhado, o que não acontecia com frequência.
Levi contou a Sofia sobre Julia, desde o início, quando veio morar na cidade, das tardes no tapete, do beijo na época que Gabi veio visitá-lo, da tensão dela ano passado e do sábado. Sofia escutou tudo calada. E perguntou quando ele se calou:
- E agora?
- Não sei.
- Como assim, não sabe?
-Não sei, você quer “romper” comigo?
- Eu não! Você quer “romper” comigo?
- Claro que não!
- Então pronto, vem pra cá que eu to morrendo de saudades do teu cheiro...
- Espera um pouco Sofia, você não vai dizer nada?
- Sobre a Julia e você?
- É, sobre o que aconteceu...
- Eu não.
- Eu quero que diga!
- Tá bem... Eu não to chateada, se é o que você quer saber, nem estou me sentindo traída, porque você é livre pra se envolver com quem você quiser, afinal, eu já disse não umas 5 vezes pro seu pedido de namoro. Sei que mesmo que namorasse comigo de “papel passado”, isso teria acontecido, por isso sempre defendi a liberdade, inclusive do amor. Eu confesso que estou um pouco insegura, pois achei que por ser suficiente para mim, eu também seria pra você, mas se não é assim, deixa eu fingir e rir, lá lá lá lá.

Ele abraçou e beijou Sofia. Naquele momento, ela era mais do que suficiente, ela era extraordinariamente perfeita. E ele a amou, de muitas maneiras possíveis.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Julia e Sofia


Naquela madrugada, eles conversaram muito. 
Julia contou a Levi como era seu curso, disse estar muito feliz em estudar política, direito e economia. Mas sabia o quanto a parte da sociologia e história era importantes. Ela disse que estava com vontade de fazer francês também, já que ele fazia. 
Levi disse que tinha aprendido muita coisa, que esperava que ela também descobrisse, na hora certa. Disse que tinha conhecido pessoas espetaculares, e que isso tinha sido o mais importante.
- E a Sofia? Você não vai me contar sobre ela?
- Como? Você a conhece?
- Não, pessoalmente. O Samuel que costuma falar que você está com ela.
- O que o Samuel tem haver com minha vida... - Levi pensou alto.
- Nada, oras. É só o fato de ele ser seu irmão e responder com quem você anda quanto eu pergunto... 
- Ah... Você pergunta por mim Julia?
- Claro, apesar de você não perguntar por mim, porque eu também perguntei isso ao Samuel...
O clima ficou mais denso. Levi ficou desconcertado, em silêncio. Ele não perguntava por ela porque não sabia como perguntar, Samuel sempre tira conclusões precipitadas de suas falas.
- Tudo bem, eu não te culpo. Sei que estraguei nossas tardes no tapete - ela sorriu envergonhada -. Eu sinto saudade de você Levi...
- Eu também Julia. Sabe o que é você não puder mais escutar Engenheiros porque te lembra uma pessoa?!
Ele deu uma gargalhada, mas ela ficou séria. 
- Você não queria lembrar-se de mim? 
- Claro que queria. Mas só da Julia que deitava comigo, cantava comigo, brigava comigo, da Julia cheia de si, como diria o Samuel. Não da Julia nervosa, tensa, que só quer saber de termodinâmica. Eu queria essa Julia, que olha nos meus olhos agora, que tem cheiro de flor quando sorri. 
- Levi... eu quero te dizer uma coisa. 
Ela se aproximou dele e quando estava próximo de beijá-lo, disse baixinho, encostando-se aos lábios dele: - Se você sair correndo depois disso, eu nunca mais olho na sua cara.
Eles sorriram. E ficaram juntos até o nascer do sol. Ele sempre teve vontade de agarrá-la como ela fez com ele. Isso era o melhor de Julia, ela parecia com ele de uma maneira bem melhorada. Eles ficaram abraçados, trocaram carícias, risadas, histórias, canções! 3x4 foi a música que escolheram pra memorizar aquele momento, ela tocou uma, duas, três vezes! E juntos, eles cantaram: “Feitos um pro outro, feitos pra durar. Uma luz que não produz sombra... Somos o que há de melhor. Somos o que dá prá fazer. O que não dá pra evitar, E não se pode esconder”.

domingo, 27 de novembro de 2011

ainda Levi e agora também Sofia.

primeira parte

O tempo passou.
 Levi conheceu melhor as moças da cidade e elas gostaram muito de conhecê-lo melhor. Samuel já era "amigo" de muitas, o que facilitou a cicatrização da ferida feita por Gabi.
Julia não estava mais com Mateus e as tardes no tapete eram mais divertidas.
Mesmo sendo de séries diferentes, Levi era dois anos mais velho que ela e estava vivendo a tensão de estar no cursinho, ele preferia estar ali, com  "a garota do segundo ano", como seus amigos se referiam a ela, do que na biblioteca estudando.
Com Julia tudo era leve, até a gramática. Rolava uma química boa, ela sabia de literatura e tinha muitas histórias pra contar. Levi era muito bom em matemática e física, e ali, no espaço geográfico deles tudo corria bem.
No fim do ano, com o resultado do vestibular e os novos ares, Levi mudou muito. A Universidade tem esse dom, de trazer uma liberdade nova para as pessoas, nem todos sabem lidar com o peso da liberdade, Levi soube, ainda bem.
Ele continuou indo visitar Julia, mas não com tanta frequência,  afinal ser estudante de engenharia não é tão simples. Ele sempre achou que difícil era entrar na universidade, mas percebeu que a dificuldade mesmo se dá em sair de lá.
Enfim, as tardes no tapete do ano que chegou não foram tão agradáveis. 
Júlia estava nervosa e insegura demais com o vestibular, ela não queria mais deitar e ouvir música, só queria tirar dúvida de geometria espacial e analítica. Afinal, relações internacionais é um curso bastante concorrido. Levi não conseguia entender como uma menina  "tão certa de si", como dizia Samuel, conseguia ser tão insegura. Era isso que mais atraia e ao mesmo tempo afastava ele de Julia, suas contradições.
Como as tensões foram aumentando, ele achou melhor não ir mais à casa dela, aproveitar só o que eles tinham de melhor. Raramente eles se encontravam em uma festinha, vez ou outra Samuel dizia que eles iam estudar em grupo... Levi pedia, mentalmente, que Samuel pudesse passar essa tranquilidade dele para ela, vai que ela voltava a ser como antes...
Levi fez novos amigos e conheceu novas garotas. Ele deixou de ir com frequência as festinhas do antigo colégio e passou mais tempo na faculdade, não necessariamente estudando.
Levi conheceu Sofia. Ela não era da Engenharia, era do Serviço Social. Ele ficou encantado com ela e logo se envolveram de uma forma que ele não conseguia explicar.
Ele adorava o jeito como ela lidava com a liberdade universitária, como ela se posicionava diante das situações que tinham que enfrentar, como ela era ativa, não ficava só nos discursos. Gostava da compulsão dela por leitura, por literatura clássica, moderna, quadrinhos, revistas. Ela era realmente sábia.
Esse primeiro ano universitário se passou muito rápido, ele percebeu que não se aprende só o que está na sala de aula, mas principalmente no que tem ao redor e ele aprendeu muita coisa com Sofia. 
Sofia era livre demais e ele tinha medo disso. 
As vezes se sentia tradicional demais perto dela, as vezes sentia falta das coisas com legendas, dos is pingados, dos rótulos. 
Sofia não, ela não queria isso. Ela gostava dele, ela era querida por seus amigos e pelos amigos dele. A mãe de Levi já fazia bolo ou um almoço especial quando ela ia visitá-los e Samuel, recém passado em fisioterapia, ficava calado, o que era bem raro, ao vê-la defender seu ponto de vista.
Levi era apaixonado por Sofia, queria que todos soubessem, queria que ela fosse só dele, mas ela não queria isso. 
Sofia não queria ser propriedade de ninguém, não queria aprisionar corações. Ela se divertia com ele, ela achava sensacional aquela família que também não iludia seus filhos com histórias de papai noel ou coelho da páscoa. Ela acha incrível como alguém na engenharia, um dos cursos mais bem pagos do país, tinha uma consciência política como a de Levi. Ela ficava encantada quando ele utilizava sua capacidade de oratória na hora certa, mas ela não queria ser a "namorada" dele. Do jeito que tava, tava bom demais. 
Eles estavam juntos às segundas e quartas pela noite, no francês, onde se conheceram há um ano atrás, ele podia levá-la para dormir na casa dele quando fosse o caso e eles sempre passavam a tarde de sábado juntos, exceto no final do semestre. Pra quê colocar uma coleira de "namorado" no pescoço do rapaz?
Suas amigas falavam:
- Pra que essa mania de liberdade Sofia? Esse excesso vai te matar! Se tu não fechar logo essa gaiola, enquanto ele quer, ele voa viu?!
- Deixe que voe, não é o Lennon que diz que se voltar é porque o conquistei. Se não voltar é porque nunca o possuí?!
- Meu Deus, menina! Quando tu vai arrumar uma menino igual ao Levi?
- Hahaha, desde quando as pessoas são iguais Amanda? E desde quando você acredita em Deus?
E a conversa se perdia no meio da confusão da cabeça delas...
Enquanto isso, Levi sofria. Não sabia se deveria pressioná-la, não sabia se deveria aproveitar essa liberdade ou se viveria só o hoje e deixaria o amanhã cuidar do amanhã, como ela costumava dizer em sussurros ao seu ouvido.
Em uma das tardes de sábado que ficou em casa, pois Sofia havia viajado à um congresso, Levi resolveu ir com Samuel, depois de muita insistência do mesmo, ao aniversário de uma de suas amigas. Samuel, desde que entrou na universidade não encontrava a turma e seria um evento ótimo para reunir tanto a turma de Samuel quanto a de Levi. Lá reencontraram amigos e conversaram bastante, até o sol amanhecer, sobre como cada um havia caminhado na vida. Julia ficou super feliz em encontrar Levi, depois de tanto tempo. Encontrava sempre com Samuel no Restaurante Universitário.
- Levi!
- Oi Julia e ai?
Ela foi mais rápida do que ele imaginava, veio em sua direção e lhe aplicou um abraço apertado. O perfume dos seus cabelos subiu até o nariz dele, junto com a recordação do passado, e um sorriso fugiu de seus lábios.
Todo tempo que havia ocorrido desde a ultima visita de Levi à casa de Julia havia sido extinto no abraço. Ele conseguia sentir o coração dela bater bem forte e a pulsação dos dois corações se confundiam.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Levi

Levi era apaixonado por Gabi. Seu amor de escola. Sua companheira de sonhos e planos. Levi teve que se mudar, afinal não vivemos apenas nossas expectativas, estamos em teias de relações e somos mais dependentes do que queremos.
Gabi ficou, Levi se foi.
Levi conheceu Julia e logo ficaram amigos. Julia e Levi tinham uma sintonia, eram cúmplices, dividiam planos e expectativas. Julia não era Gabi, mas fazia com que ele se sentisse bem, Levi não estava completo, mas também não estava só.

Tudo aconteceu muito rápido.
Julia estava sempre ali, era ao lado dela que ele dava risada. Era no ouvido dela que despejava queixas e foi com ela que ele começou a sonhar e isso era estranho. Na verdade, tudo era meio estranho com eles. Como disse Humberto Gessinger, "seria mais fácil fazer tudo como todo mundo faz. [...] Mas nós dançamos no silêncio, choramos no carnaval. Não vemos graça nas gracinhas da TV, morremos de rir no horário eleitoral. [...]". Eles realmente estavam em outra frequência, e isso começou a deixá-lo assustado.
Um belo dia, ele recebe um email de Gabi, ela viria visitá-lo. Ele correu pra dividir isso com alguém. Com Julia. Ao chegar correndo, foi despejando informação para ela. Assustada, ela recebeu tudo em silêncio.
O dia continuou como era de costume.
Passaram o dia ouvindo sua trilha sonora, deitados no chão da casa da moça: Engenheiros do Hawaii, Los Hermanos, Nando Reis... Em um dos momentos de gracinhas, onde Levi sempre arrumava uma forma de implicar com Julia eles se entreolharam e se beijaram. 

Levi saiu correndo. Ele sabia que não deveria ter feito aquilo. Ele amava Gabi e era só amigo de Julia. Ele repetia isso na cabeça, enquanto andava apressado pelas ruas até chegar em casa.
Gabi finalmente chegou.
Levi havia preparado todo um cronograma, para apresentá-la a tudo que agora fazia parte dele. Menos Julia, devido ao ultimo acontecimento, ela ficaria para outra visita. O dia foi feliz e romântico. Na hora de levá-la a rodoviária, com aquela tensão que toda despedida tem, ela puxou o diálogo:
- Levi, tenho que te contar uma coisa.
- Fala Gabi, tô te ouvindo.
Ele tentou beijar a testa dela, mas ele se esquivou. Ele ficou tenso e os cabelos da sua nunca arrepiaram.
- Levi, é que... eu conheci uma pessoa.
- Eu também conheci muitas pessoas Gabi. Levi desconversou, ele não tinha planejado esse diálogo para a rodoviária, só longos abraços de despedida.
- Não Levi, é sério. Eu conheci uma pessoa e eu tô com ele. Eu tô apaixonada por ele.
- Gabi... E a gente?
- Eu fiquei sozinha lá Levi, sozinha! Não tinha como aguentar! Eu sei que tinha que ter te dito logo mas...
Ele não ouviu mais nada. A cabeça dele girava. Ele se virou e deixou ela lá, falando desesperadamente. Ela não gritou nem chorou, ela só se calou, sentou e esperou seu ônibus, enquanto via seu amor de escola se afastar, andando de uma forma assustada.
Levi não ficou bem. Ele nem sabia mais o que pensar. E assim permaneceu, por longos dois meses que passaram-se como anos.
Em casa, no chão do quarto, ouvindo ACDC, Metallica, Pink Floyd, porque não conseguia ouvir nada mais leve, afinal, isso ele fazia com Julia...
Julia! Meu Deus, ele havia esquecido dela. Não sabia como se reaproximar... Resolveu se aproveitar de seu irmão, Samuel.
- Samuel, beleza?
- O que é que tu quer Levi?
- Qual é! Não posso mais conversar?
- Poder até pode, mas você não quer. Desde que a Gabi veio você tá na maior piração, só fala quando te perguntam algo...
- É eu sei... 
- Vocês terminaram? Você e a Gabi?
- Foi.
- Desculpa cara, mas é melhor assim. Eu te disse que namorar a distância era sem futuro. Por isso terminei com a Virgínia antes da gente se mudar... Mas me diz, o que é que você quer de mim?
- Conselho é que não é! Hum, você tem visto a Julia?
- Claro né, a gente estuda junto!
- Como ela tá? Desde antes da Gabi vir pra cá a gente não se fala... Já se passaram mais de dois meses que não sei dela.
- Ela tá bem cara, como sempre. Você sabe como é o jeito da Julia, muito independente, muito certa de si... Ela continua a mesma.
- Tô afim de falar com ela...
- Ah, pois vem comigo ao aniversário do Arnaldo, ela vai tá lá, toda galera da sala vai e você tá precisando mesmo sair do chão do teu quarto, tá parecendo um tapete!
- Cala a boca. Disse Levi, virando-se e saindo, com um sorriso no rosto.
No aniversário do Arnaldo, ele encontrou Julia e eles conversaram. Levi se desculpou pelo beijo dos meses atrás e contou o que aconteceu com Gabi.
Julia também tinha novidades. Ela estava de rolo com um cara da sala de Levi, o Mateus. Levi ficou sem jeito quando Mateus veio "roubá-la" para uma dança. Sentiu que ele também estava roubando sua amiga, sua companheira-tapete.
[...]

continua...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sorrisos e não ditos.

Em um daqueles momentos de despedida, onde as pessoas se despedem um milhão de vezes:

- Então tchau. Disse Julia, abraçando Samuel mais uma vez.
Samuel entra no carro e espera o irmão, entrar também. O que não acontece. Do lado de fora lá está ela, Julia, sem jeito de se aproximar de Levi, que fica em pé, ainda encostado no carro.
Samuel resolve dá aquela força, da janela do carro:
- Por que você não fala logo Levi?
- Falar o que? Levi retruca, com sua conhecida maneira de se defender das invasões alheias.
- O que você sente pra Julia. Por que você se faz de forte? Não tá vendo a cara de boba dela olhando teu sorriso?
Os dois se envergonham e olham cada um para os joelhos.
- Tchau. Brada Levi, entra no carro e sai. Com o sorriso no rosto.
Julia fica no portão, imaginando o que Levi teria a dizer e lembrando-se do sorriso dele, também com um sorriso no rosto.


domingo, 20 de novembro de 2011

Orgulho-me de mim.


10º dia. Algo que te orgulhes.

Não há nada que me faça ter mais orgulho do que eu mesma. Tava conversando com um amigo azul, disse a ele que eu tinha muito orgulho da pessoa que eu estava me transformando, nesse momento. 
Eu sou feliz sendo que sou. Eu gosto desse meu jeito. Me orgulho de mim mesma. Sou a única filha mulher do meu pai e a filha mais velha da minha mãe. Confusa. Sagitariana, que não crê em signos. Teimosa. A Assistente Social da família, que pensava que queria ser jornalista mas aprendeu que pode escrever mesmo fora do jornalismo. Não gosto de gente metida, que acha que é sua amiga, acredito que amizade se conquista. Gosto de ler livros, mas não tenho lido tantos esse ano. Sou uma pessoa complexa, mas não complexada. Dou muito valor ao ócio. Detesto Rotina. Falo muito. Falo rápido. Falo alto. Gosto de observar os outros, me apaixono pelo modo como as pessoas escolhem viver sua vida. Gosto de gente, mas não gosto de muita gente. Sempre acho que conheço as pessoas de algum lugar. Sou estranha. Gosto de música. Não gosto de forró, mas em fases tolerantes eu escuto. Eu gosto de pensar, gosto até de pensar em como o pensamento se forma... Gosto de estrangeiros, mesmo estaduais. Gosto do sotaque dos gaúchos e dos pernambucanos. Quero falar inglês e francês. Vou viajar pra fora do país quando me formar. Gosto de Los Hermanos, de Vanessa da Mata e de Nando Reis, nessa ordem, de uma forma especial. Eu vou casar. Eu vou morar só antes de casar. Eu sou sarcástica. Eu tento ser engraçada, de vez enquando. Eu tenho desmemória. Eu escravizo quem eu gosto. Eu choro olhando pro espelho. Eu falo sozinha. Eu sou chorona. Eu morro de saudade. Eu casaria com o Frejat ou com o Chris Martin. Eu sou sentimental. Eu gosto de séries de TV, que eu vejo na internet. Eu tenho a cara da antipatia. Eu demonstro meus sentimentos. Eu sou uma tolerante nem sempre tolerante. Eu acredito no lado bom das pessoas. Eu acredito nos movimentos sociais e na capacidade das pessoas mudarem o mundo através da conscientização. Não gosto de quem quer poder pra mandar. Tenho medo de amar. Preciso de tratamento psicológico. Tenho amigos virtuais que são de verdade. Eu sou desastrada e desorganizada. Odeio arrumar meu quarto. Eu tenho necessidade de viver apaixonada. Gosto de ler blogs que falam dos seus autores. Gosto de ler o que eu escrevo. Gosto do meu blog. Acredito que somos renováveis, estou em constante mudança e me dou ao direito de voltar atrás nas minhas convicções. Gosto de olhar o mar. Eu não sou muito legal. Sou Crítica, estudo pra isso. Enjoada. Observadora e distraída. Chata. Boba.

Algo que te irrita

9º dia. Algo que te irrita.

Acho que tão difícil quanto dizer algo que gosto é dizer o que me irrita. Porque eu sou muito irritável. Eu detesto que me acordem, isso pode estragar meu dia inteiro. Eu fico irritada quando alguém distorce o que eu falo; me irrito com gente sem senso crítico, que é senso comum demais; me irrito com quem fura fila; com internet que cai ou que é lerda; com o telefone que toca e ninguém atende; quando falo com uma pessoa e ela não presta atenção; quando o motorista não sinaliza que vai dobrar; quando ligo a TV para ver algo para relaxar, mas nos 200 canais pagos não tem nada de bom para assistir; com quem joga lixo no chão ou pela janela do veículo; com gente que não sabe fazer fila, já viu que no banco, pintaram as linhas no chão mas ninguém consegue seguir elas?; com pessoas que sentam nos assentos preferenciais nos ônibus e ignoram as pessoas que deveriam estar sentadas lá; me irrita ser convencional, ter que fazer algo só porque a sociedade quer; tirar maquiagem antes de dormir...

I am fail

8º dia. A situação mais embaraçosa que passaste.

Um amigo meu X-men, me ajudou a lembra de uma coisa: 
Uma vez, já no terceiro ano, reparávamos (lê-se Diego e Patricia) como o Paulo Filho tirava mal a barba. Então, em um belo dia, desses que a gente se escondia pra poder ficar um pouco mais no colégio, já que era nosso ultimo ano e ninguém precisa morrer de estudar pra passar no vestibular no terceiro ano, porque se pode tudo,  resolvemos fazer uma caridade e fazer uma barba descente no garoto. O Diego, judeu rico do grupo, levou a gilete nova e na época moderna. Eu, Amanda e Patrícia seriamos as fiscais e barbeadoras e o Paulo Filho, seria a cobaia. Foi tudo bem divertido. Fomos pro banheiro das meninas, e fizemos todo o processo na pia. Durante o ato, fazíamos comentários que inocentemente, poderia ser levado para o duplo sentido. Eu por exemplo, cansada, sentei na pia e soltei: "Droga Paulo Filho, tu fez eu melar minha calça". A Patricia, a craque em barbear mesmo não tendo barba partiu com violência para cima do Paulo Filho e ele disse: "Aí não, vai devagar". E nossas risadas preencheram todo o banheiro até que alguém, em sã consciência disse, "Quem não sabe o que estamos fazendo pensa que estamos fazendo uma suruba. Dois caras, três meninas, risos que não acabam mais, frases soltas e muitos cochichos.". Assim que saímos um dos funcionários encarregados da limpeza do colégio nos olhou envergonhado, como se realmente estivéssemos cometendo uma orgia. Foi bem embaraçoso encontrá-lo outras vezes nos corredores do colégio...


sábado, 19 de novembro de 2011

Malucos Beleza


Desde que o Paulo Filho viajou tenho esse post guardado. Eu acho que mais do que nunca eu senti falta dos meus malucos. Hoje eu resolvi retirá-lo da escuridão dos rascunhos e dá-lo o sopro da vida. #mepasseiagora.

Eu li uma reportagem na Trip chamada Muito amor pra dar e eu lembrei muito da gente. Tá, não somos uma amoreba, mas a gente se ama tanto! Eu pelo menos amo demais cada um deles e delas. Foram muitos anos construindo, conversando, até conseguir perceber como cada um se comporta ou como todos são passíveis à mudanças. Mas eu não estou aqui pra falar de cada um em especial, tô aqui pra falar do nosso grupo, do nosso amor. Desse nosso jeito de estar junto.


Nossa formação oficial aconteceu no 1º ano, lá no São Vicente, desde então, somos um só construído por vários. Existem os realistas, existem os idealistas. Há os engraçados, há os rabugentos. Há os saudosos e também os orgulhosos. Mais do que tudo, somos malucos! Malucos por amor.

E isso acontece por vários motivos, alguns deles: 1. Todo ser humano, na minha concepção, espera amor. É por amor que vivemos e sobrevivemos; 2. Porque o amor é o motor. É como disse Shakespeare: "Lutar pelo amor é bom..."

Hoje eu escrevo essas singelas palavras, com os olhos cheios d'água, pra demonstrar que não há sopros de vida suficientes que descrevam o amor. Principalmente este relacionados aos malucos! "O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição. Como são sábios aqueles que se entregam às loucuras do amor!" Joshua Cooke


Meus amigos, meus queridos amigos, saibam que eu amo cada um de vocês, de uma forma livre e possessiva, dotado de um carinho estranho e descontrolado. Quero-os por perto mas quero-os bem aonde estiveres. Repito: Nada que eu diga é suficiente nesse momento pra traduzir o grito do meu peito. Eu amo a cada um de vocês, de uma forma única e especial, do jeito que só eu sinto e que cada um já conseguiu compreender, a sua maneira. 


"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?" Fernando Pessoa




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

older/new wishlist


Eu tenho sido tão irresponsável com essa lista tanto quanto com minhas obrigações. Que vergonha de mim! 

7º dia. A tua wishlist / lista de desejos.

Quando eu escrevi E se fosse realmente o ultimo dia? eu criei uma lista de desejos.  Claro que de Agosto pra cá, eu já inclui e exclui desejos. Na verdade, ela nem tem todos os meus desejos, mas é ela a base deste dia.

  • Brincar mais com o João Vitor e com a Sarah;

Eu tenho brincado, mas eles merecem mais do meu tempo...
  • Conversar mais com o Saulo;
Nós conversamos, brigamos, conversamos... Conviver é isso! Saulo é um irmão maravilhoso, queria ser tão boa pra ele, quanto ele é pra mim...
  • Conhecer mais os meus outros irmãos;
Eu tenho 5 irmãos que não moram comigo. Não é fácil conhecê-los, de verdade. Com o Rafael, nós nos aproximamos de uma forma muito boa e eu fico feliz, cada vez mais, de tê-lo como irmão. Espero que isso possa acontecer aos poucos com os outros meninos também.
  • Doar medula óssea;
Ainda não acharam uma compatível. Aguardo ansiosamente! *-*
  • Ter uma conversa séria com meu pai;
Acho que é uma das coisas mais desafiadoras dessa lista. Não sei o que eu sinto a respeito disso. Acho que tenho medo, mas acho necessário, não consigo planejar, mas sei alguns pontos que quero tratar...
  • Viajar à Recife;

Eu fui à Recife, eu adorei e quero ir novamente! Eu adorei a cidade, adorei Olinda e espero de verdade, ter a chance de gostar mais e mais! :D
  • Ser mais amiga de algumas pessoas que são bem legais virtualmente;
Amizade é uma afeição recíproca entre dois entes. (Priberam) Logo, não adianta eu desejar isso, se o outro não é tão legal assim ou até é, mas não quer essa coisa toda que eu quero. Se quiser, ótimo, construiremos juntos, se não, facebook tá aí minha gente. Por isso tirei da lista.
  • Escrever sobre o meu projeto de Relações de Sociabilidade Virtual;
Eu vou escrever, eu tô escrevendo, o tema é esse sim: A Sociabilidade da Juventude nas Redes Sociais da Internet.
  • Sentar com todas os meus amigos de núcleos diferentes e ver que eles têm muita coisa em comum além da minha amizade ou que eles não tem nada em comum e eu sou uma pessoa versátil;
Quarta eu faço 20 anos, vai que tenho a chance de fazer isso, né?!
  • Conversar sobre pensamentos, filosofar com pessoas diversas, tentando compreender a visão de cada uma delas;
Hoje eu tive uma conversa muito boa, com uma pessoa que eu não dava nada filosoficamente por ela. Cada vez mais eu me aproximo, me apaixono e reconheço a filosofia no meu dia-a-dia e isso é muito, muito legal! Eu sei que ainda sou muito limitada a certos pensamentos, mas por enquanto, estes têm me feito feliz e principalmente têm me deixado satisfeita com a pessoa que estou construindo dentro de mim.
  • Reconhecer as mudanças que adotei e fazer um novo teste de personalidade, pra saber quem eu sou agora e quem é a pessoa que eu estou construindo.
Testes de personalidades não são essenciais. Amigos são essenciais, eles ajudam a construir nossa personalidade. Também descarto esse desejo tolo.
  • Ter uma foto com cada pessoa que considero importante na minha vida.
Eu quero muito e não tá nem um pouco perto, rs. Deixe que o acaso se responsabilize por essa parte...

sábado, 12 de novembro de 2011

Tô com sintomas de saudade, tô pensando em você

Eu resolvi contar uma história fictícia, faz muito tempo que só escrevo realidades, então hoje, quis usar do imaginário pra contar fatos reais imaginados :) ...


Foi uma sexta difícil. Ela estava cansada de tudo dar errado. Havia acordado atrasada para o trabalho, não escutou uma palavra das que foram professadas pelo diretor, não se deu ao menos o trabalho de entregar o relatório da atividade que fiscalizou no dia anterior e nem corrigiu os erros que a revisão evidenciou no seu artigo para o jornal do dia seguinte. Ela estava cansada. Só conseguia lembrar da noite anterior.

Diferentemente das outras vezes, em que os atos apaixonados lhe tiravam o sono e lhe distraiam durante o dia, como estava acontecendo agora, e lhe deixava com um sorriso bobo, o que não chegava nem perto da cara que expressava no momento, ela não conseguia resistir ao seus pensamentos.

Na quinta, depois de uma reunião demorada, ela e a equipe haviam feito um projeto, que se conseguisse ser efetivado, seria a melhor forma de encerrar o trabalho árduo do ano. Contudo, a efetivação não foi do jeito esperado. Apesar de aprovado, o conselho colocou uma série de pré-requisitos para que, só assim, ele fosse realmente efetivado. Apesar de uma vitória não completa, a "derrota" dela foi outra.

Em um desses corredores, onde se respira ansiedade, argumentos, jogo de cintura e persuasão, ela teve que lidar com o pior deles: a saudade. Depois de vários meses, ela encontrou ele. Ele, que a fez perder o sono, que prometeu, sem proferir palavras, algo intenso, sem esteriótipo, sensível, sincero.

Ele também não tinha tido sorte na sala de reunião. Sua proposta foi totalmente adversa a esperada pelo conselho. Ainda assim, ele estava cheio de si, confiante na sua proposta e esperançoso. Ah, aqueles olhos esperançosos, que muitas vezes tiravam o sono dela... Cruzar com ele, ali, após uma quase vitória e depois da derrota dele foi um verdadeiro desastre.

Ela precisava dele, ele só queria estar ao lado dela. Abraçá-lo, confortá-lo, mimá-lo. Ao mesmo tempo que ele desejava pegá-la no colo, deitá-la no solo e fazê-la feliz. Mas não podiam. Pois maior que a vontade que um sentia do outro, era o medo que os dois alimentavam no coração.

"Eles se amam, todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontram e que nada, nada seja por acaso."*

E assim, ela fica cheia de saudade, pois existe uma diferença entre sentir a falta e sentir saudade. Saudade é pra quem sente amor. Sentir falta é pra quem sente vazio. Só um buraco. Na verdade, ela também sentia medo de ter saudade, vai que ele só sentia falta dela...

* Parágrafo de autoria da Tati Bernardi

domingo, 6 de novembro de 2011

Meme


Hoje eu estou muito comunicativa. Estou morrendo de vontade de conversar com alguém, de escrever, de falar. Eu quero conversar! Mas, como em mais um domingo à noite, estou forever alone, então, antes de desistir e ir ler um texto de Política Social ou escrever meu projeto de pesquisa, aí vai mais uma tentativa minha de falar ao vento.


P.S: é um meme!

1) Onde está seu celular? Aqui do lado.
2) E o namorado? Faz mais de 3 anos que não tenho.
3) Cor do cabelo? Castanho Escuro.
4) O que mais gosta de fazer? Conversar e dar risada.
5) O que você sonhou na noite passada? Não lembro :/
6) Onde você está? Na sala de casa.
7) Onde você gostaria de estar agora? Em qualquer lugar dessa Fortaleza agitada.
8) Onde você gostaria de estar em seis anos? Na minha casa, me arrumando pra sair. :)
9) Onde você estava há seis anos? Deveria estar na Igreja...
10) Onde você estava na noite passada? Estava curtindo uma noite que era pra ser morgada com o Daniel e com o Mateus.
11) O que você não é? Organizada
12) O que você é? Indecisa.
13) Objeto do desejo? Um celular novo.
14) O que vai comprar hoje? Nada, a não ser que alguém passe pra me tirar de casa, aí é de se pensar...
15) Qual sua última compra? Pizza, cerveja e coca-cola.
16) A última coisa que você fez? Li textos antigos meus.
17) O que você está usando? Camisa listrada e short jeans.
19) Seu cachorro? Não tenho.
20) Seu computador? Tá aqui, rsrs. Ele é meu e é o bastante.
21) Seu humor? Politicamente Incorreto.
22) Com saudades de alguém? Do Paulo Filho, da Amanda...
23) Seu carro? Eu não tenho e acho que vou demorar a ter.
24) Perfume que está usando? Má Chérie, da O Boticário.
25) Última coisa que comeu? Pipoca.
26) Fome de quê? De lasanha?
27) Preguiça de… ? Escrever trabalhos acadêmicos.
28) Próxima coisa que pretende comprar? Não tenho nenhuma pretensão :X.
29) Seu verão? Sei lá, é tão difícil saber quando é verão e inverno aqui.
30) Ama alguém? Lógico, o que seria da vida sem amor?
31) Quando foi a última vez que deu uma gargalhada? Hoje à tarde, com a Jéssica, a Nara, a Bruna, a Lua e a Priscyla.
32) Quando chorou pela última vez? Ontem á tarde, enquanto assistia à palestra do Lenilton, no ECC, foi um choro feliz. :)

Terceiro, quarto, quinto e sexto.

3º dia. Os teus hobbies. 

Segundo o dicionário, hobby é o passatempo favorito que serve de derivativo às ocupações habituais.
Quando eu não estou fazendo algo rotineiro eu estou com os meus irmãos. 


Acho que é a única coisa que faço que não é hábito diário... O que merece uma reflexão, afinal, é uma das coisas que me propus a fazer na minha lista de até o ultimo dia.


4º dia. Os teus vícios/hábitos. 

Como existem 4 tipos de definição para vício, meus vícios serão classificados de acordo com cada uma delas. Haja cura para os vícios cotidianos...
vício (latim vitium, -ii)
s. m. 
1. Defeito ou imperfeição.
 Meu maior defeito é ser indecisa, eu acho. rsrs Eu não sou boa para definir, escolher, tomar decisão. Não quando se trata de algo realmente importante. Eu penso demais, minha cabeça projeta um milhão de coisas e eu fico na dúvida. Acho que é isso. Mas o Glaydson disse que eu fico raiva facilmente, a Marianinha disse que eu me esqueço dos meus amigos, o Renato disse que eu não dou o braço a torcer quando se trata das minhas decisões, a Livinha disse que eu sou antipática com quem eu não conheço e o Dudu disse que eu sou chata, ciumenta, medrosa, indecisa e contraditória, é ele pode falar isso.
2. Prática frequente de ato considerado pecaminoso.
Meu Deus, isso não é confessionário! :O Sei lá, eu acho que tenho preguiça demais, a todo o momento. 
3. Hábito inveterado. = MANIA
Eu tenho mania de imaginar. Eu estou pensando uma coisa e faço ligações com situações irreais. Normalmente eu imagino a mesma coisa acontecendo daqui a cinco anos, é uma loucura, como diria o Luciano Huck. 
4. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).
Eu sou viciada em chocolate. Sim, eu não deixo de comer por nada, nem por dor de barriga. :P

Quando se trata dos meus hábitos, acho que há uma rotina muito clara na minha vida. Eu vou à UECE, quando não estou lá, estou no EJC, quando não, estou no facebook, simples e infeliz assim, rotina é uma merda.


5º dia. Os teus ídolos.

os melhores heróis são os que vêm com defeito. :)


 6º dia. Teu talento.

O Adriano disse que meu talento é a persuasão, Dudu disse que sou boa ouvinte e a Livinha disse que eu sei falar coisas bonitas e reconfortantes e sei escrever. E eu, concordo com a Lívia, na parte que ela diz que eu sei escrever, rsrs >.<
Eu realmente gosto de escrever e acho que se eu sei fazer algo que preste, é isso, às vezes. :)

sábado, 5 de novembro de 2011

Segundo dia. :B

2º dia. Os teus gostos.


Eu acho que já contei aqui da minha péssima capacidade de cumprir as listas que elaboro, com essa não foi diferente; Segue abaixo um "breve" texto sobre meus gostos.

Eu pensei, pensei, pensei e percebi que assim como o Renato Russo, "acho que não sei quem sou só sei do que não gosto". Ô coisa difícil é descobrir do que eu gosto. Talvez porque vejo como algo natural e "não consigo perceber" como algo importante, o que é bem errado.

Bom, pra responder o que gosto eu precisei de duas etapas. Primeiro perguntei aos meus amigos que estavam online sobre coisas que gosto, exatamente essas coisas óbvias que eu não consegui lembrar-me de imediato. Ajudaram-me a recordar os seguintes companheiros: Natália SUA LINDA Nobre, Robs, Play, DébiraLuiza Lulu Veneno Lima e meu irmão, Rafael Cavalcante. Algumas respostas foram unanimes, por isso não irei especificar o autor de cada uma delas, como fiz no post Quem sou eu?

Eles disseram que eu gosto de vestidos, de chocolates, dos Los Hermanos, de internet, do CQC, do facebook, de livros, de filmes e de músicas. Disseram ainda que gosto de coisas um tanto quanto românticas, que gosto de decidir, gosto de aventura, de estar certa e de brigar. Segundo eles, gosto de dar opinião, de receber elogios, de estar com minha família, já que eles são um ponto forte pra mim. Conseguiram perceber que eu gosto de rever amigos que não vejo há certo tempo e gosto de sair com meus amigos. Um deles ainda conseguiu lembrar, no meio de tantas características, que gosto de homens morenos e tatuados. É, meus amigos são foda.

A segunda etapa consiste em olhar no blog e catalogar as coisas que eu já disse que gosto. Através do mecanismo de busca, consegui lembrar muita coisa: Gosto de dizer que amo as pessoas que têm meu amor, assim como gosto de dizer o que sinto, por mais que isso seja, muitas vezes, difícil. Eu gosto de ser "a pessoa mais inconstante e previsível" que meu amigo Paulo Wolverine Filho conhece, eu gosto do Rafael Cortez, do Edward no livro Crepúsculo, do Jacob na saga Crepúsculo e do Sartre (tipo, tudo relacionado, rsrs ¬¬) eu gosto de quem não vai gostar de mim, #foreveralone, eu gosto de me apaixonar e eu gosto de ser escutada. Gosto dos meus posts que falam de situações diárias, eu gosto de escrever sobre os meus amigos, EU GOSTO DE ESCREVER! Gosto dos dias simples, eu gosto de dormir, eu gosto de lembranças, gosto de ter duvidas, inquietudes e incertezas, eu gosto que as pessoas tentem me entender, eu gosto de ser a cara do abuso, gosto de gente,  gosto de cultura,  de show, de filosofia, de stand-up. Eu gosto de ganhar, de rir de mim mesma, de ter um senso crítico. Gosto de pessoas de "atitude" que fazem com que eu reflita sobre as minhas, gosto que as pessoas leiam o que eu escrevo, gosto de sinceridade, de subjetividade, de inventar.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Desafio dos 30 dias



No mês de novembro eu me auto-desafiei e resolvi fazer o desafio dos 30 dias, que consiste em escrever sobre algo determinado no decorrer do mês.
Vou está fazendo isso aqui e no facebook.
Segue abaixo o roteiro do desafio e a tarefa do primeiro dia.


Desafio dos 30 dias Blog

1º dia. Descrição de ti próprio.
2º dia. Os teus gostos.
3º dia. Os teus hobbies.
4º dia. Os teus vícios/hábitos.
5º dia. Os teus ídolos.
6º dia. O teu talento.
7º dia. A tua wishlist / lista de desejos.
8º dia. A situação mais embaraçosa que passaste.
9º dia. Algo que te irrita.
10º dia. Algo que te orgulhes.
11º dia. Algo que gostavas de saber/aprender.
12º dia. Algo que te deixe sem palavras.
13º dia. Algo sem o qual não consegues viver.
14º dia. Um local que te transmita paz de espírito.
15º dia. Uma fotografia/imagem que signifique algo para ti.
16º dia. Uma descoberta científica ou histórica.
17º dia. Uma citação que gostes.
18º dia. Um site que visites regularmente e outro que tenhas perdido o interesse.
19º dia. Uma coleção que faças ou gostarias de fazer.
20º dia. Uma paixão secreta.
21º dia. Um texto que tenhas escrito a algum tempo.
22º dia. Uma memória que te tenha marcado.
23º dia. Uma carta escrita por ti, para um destinatário á escolha.
24º dia. Uma experiência que tenha mudado a tua vida.
25º dia. Um sonho ainda por concretizar.
26º dia. O melhor dia da tua vida e porquê.
27º dia. O pior dia da tua vida e porquê.
28º dia. O que valorizas mais num blog e indicar um dos seus blogs favoritos.
29º dia. O que te faz feliz.
30º dia. O balanço do desafio.



Primeiro dia: Descrição de ti próprio. 
Eu não sou muito fã de se descrever não, como disse Oscar Wlide, "definir-se é limitar-se". E eu não sei a melhor maneira de dizer isso, que não seja com palavra dos outros. Tem a Clarice Lispector, que disse: "Me definir é muito difícil. Às vezes pareço comum, às vezes singular. Sou bem assim: metamorfose ambulante. Adolescente em crise. Crises. De tudo o que você imaginar. O que mais valorizo no mundo? Amigos. Os melhor sentimento? Felicidade. O melhor verbo? Amar. Conheço uma parte de uma frase, não sei o autor, mas ela define bem quem sou: viver é tentar ser feliz. É o que faço: vivo. E sim, me considero uma pessoa feliz, apesar de tudo. Depois de uma queda? Levanto e sigo em frente. Já desisti de contar os mil e um foras que dou. Vivo em busca de muitas coisa, mas já possuo a principal delas: a alegria. Uma companhia? Livros. Algo que te alegra? De novo os preciosíssimos amigos. Bom, termino as ridicularidades desta minha descrição breguíssima com uma pergunta minha, e uma resposta fantástica, que se encaixa perfeitamente no meu caso. Quem sou eu? 'Eu sou uma pergunta'."

Mas ainda acredito que a melhor descrição minha, nos últimos dias é a música Infinito Particular, da Marisa Monte:


Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ser diferente é normal.


Não, este não é um post de inclusão social.
É defesa de um ponto de vista que tenho.

Bom, hoje li na internet os seguintes dizeres:
Mulher de Sagitário
Se você chegar com um "Essa blusa tá feia?" Ela vai responder simplesmente que "Sim". É muito capaz que quando você pergunte se ela te ama ela venha com um "Amo! Mas às vezes eu penso também se não seria melhor se fossemos amigos...". Elas são tão sinceras que uma hora você vai desejar que elas mentissem. Mas não se acanhe. Quando elas fazem um elogio ou algo do tipo, é mais especial do que o normal porque você sabe que ela está dizendo a verdade. É que ela enxerga o mundo tal como ele é, ainda que por trás das lentes cor-de-rosa. É de se admirar como as sagitarianas conseguem enxergar toda a dureza do mundo e ainda assim acreditar que tudo vai melhorar. Otimistas convictas!
Mas quem avisa amigo é: nunca mande elas fazerem alguma coisa. Peça!! Até a mãe dela tem dificuldade em mandar nessa mulher. Quem é você pra ser mais que a mãe dela né? Mas de vez em quando as sagitarianas gostam de fazer seus testes com as pessoas. Podem vir pra cima de você com algum deles e a pessoa terá que demonstrar que é firme no que diz. Eventualmente a língua das nativas de sagitário acaba se tornando sarcásticas demais e ai é preciso ter mão firme e dar uma de Tarzan.
Ela sente de acordo com a forma que age e pensa do jeito que fala. Sua maneira de ser e dizer acabam provocando mal-entendidos ao longo de sua vida, bagunçando seus sentimentos. Mas é muito provável que ninguém vá saber o que se passa com ela e todos acham que tudo está muito bem. Ela não vai falar mais sobre o assunto que a entristece até porque ela odeia ir até o âmago de qualquer questão que seja. Às vezes é tarde demais para contornar uma situação.
No fundo as sagitarianas são aquelas crianças que acreditam em tudo. Tem uma forma ingênua de ver o mundo o que pode acabar tornando-as presas fáceis para os conquistadores de plantão. Seu cérebro certamente é ágil e lógico. Mas ele não tem qualquer ligação com o seu coração que é tão indefeso quanto sua mente é inviolável.
AH! E sabe aquelas meninas que vem chegando lindas e esplêndidas toda trabalhada na câmera lenta e ai tropeça estabacada no chão? Pronto são elas. rsrs Até assim elas são encantadoras. O seu lado desastrado acaba se transformando uma espécie de espontaneidade avançada.
Mas no fim das contas a realidade é que elas têm profundas desconfianças de relacionamentos. Essa desconfiança, no entanto, não impede que ela seja do tipo que chora em filmes ou guarda todos os bilhetes que você já enviou pra ela. As mulheres de sagitário só precisam que você as deixe viver por si próprias, sem se sentir aprisionada. Em troca ela lhe ofecerá todo o seu amor sincero e idealista. Secretamente ela esconde o fato de que esteve esperando por você: alguém com um belo sonho que pegou em sua mão para guiá-la até as estrelas.

Vamos começar por aqui. Eu sou de sagitário, mas eu não acredito em signos, acho a vida complexa demais pra ser influenciada pelo movimento dos planetas. Tá certo que às vezes eu me reconheço em algumas coisas e são essas coisas que me fazem ler essas coisas. Eu não acho que lendo ou seguindo dicas astrológicas eu possa fazer minha vida melhorar, talvez por isso não tenha melhorado, mas eu leio pra rir das características que todas as pessoas podem ter, independente do mês em que nasceram, das pessoas que se justificam por causa dos seus signos e de quem ainda acredita em receita pra ser feliz.

Nesse texto acima, eu encontrei algumas coisas que podem fazer lembrar-se de mim:
"Quando elas fazem um elogio ou algo do tipo, é mais especial do que o normal porque você sabe que ela está dizendo a verdade." - claro que eu vou tá dizendo a verdade, vou elogiar alguém (de mentira) de graça pra quê? Vou dizer "oi como você tá linda com essa roupa", se a pessoa não tá e vou ter que olhá-la feia outras vezes? Claro que não. Isso não é sinceridade sagitariana, isso é ser inteligente.
"É de se admirar como as sagitarianas conseguem enxergar toda a dureza do mundo e ainda assim acreditar que tudo vai melhorar. Otimistas convictas!" - precisa ser sagitariana pra acreditar nisso? O resto do mundo que não nasceu entre 22 de novembro e 21 de dezembro não tem nenhuma expectativa de melhora? Putaquepariu sociedade, tsc, tsc, tsc.

"Ela sente de acordo com a forma que age e pensa do jeito que fala. Sua maneira de ser e dizer acabam provocando mal-entendidos ao longo de sua vida, bagunçando seus sentimentos." - Tudo isso é culpa de um período? Então me diz quem foi o son of a bitch que escolheu o meu pra ser assim, vou rogar praga e-ter-na-men-te!
"Mas no fim das contas a realidade é que elas têm profundas desconfianças de relacionamentos. Essa desconfiança, no entanto, não impede que ela seja do tipo que chora em filmes ou guarda todos os bilhetes que você já enviou pra ela." - Tá ok, eu me rendo. Eu tenho desconfianças sim em relacionamentos, principalmente sobre minha pessoa. Isso não é um signo, é um carma minha gente!
"As mulheres de sagitário só precisam que você as deixe viver por si próprias, sem se sentir aprisionada. Em troca ela lhe ofecerá todo o seu amor sincero e idealista." - Sim, eu preciso, não gosto de estar sufocada, presa ou aparentemente domada. Não acredito em limitar, gosto de subjetividade e conheço muitos sagitarianos que não são metade da pessoa que eu acredito ser. 

E sim, eu posso estar parecendo cheia de si, mas como eu posso concordar com essa baboseira se as pessoas têm experiências diferentes? É isso que tornam elas idênticas e distintas, e não o mês do ano que elas nasceram; a situação ambientar completamente diferentes; ensinamentos éticos completamente variados e;  principalmente, com sua historicidade e complexidade construída por meio das suas relações. Se o mês do ano define sua personalidade  parabéns, você é alienado e provavelmente, infeliz.

E é aí que vem o segredo, não há receita pra ser feliz! Você pode passar anos lendo o horóscopo todo dia, ou lendo livros do tipo: "Como conquistar o gato dos seus sonhos", mas nada disso vai te fazer feliz, porque felicidade se constrói. E estou começando a acreditar que felicidade é construída todo dia, assim como dizem do casamento, que o cara tem que conquistar a esposa todos os dias, assim também é a felicidade, onde temos que conquistá-la sempre e principalmente, ou melhor, de forma plena, coletivamente.

Fazer feliz te faz feliz e é exatamente quando fugimos da normalidade, do que é convencional, das dicas para iguais para os problemas iguais de pessoas diferentes é que alcançamos o nosso objetivo, muitas vezes, de forma despercebida. 

Hoje eu quero ser feliz, pela pessoa que eu sou, pelas pessoas que eu amo, pelo que acredito e principalmente porque eu acredito, assim como os sagitarianos, que não posso ser definida, nem limitada, porque apesar da minha historicidade é minha dialeticidade e a minha teleologia é que vai dizer quem eu sou.

P.S: Se você não entendeu porra nenhuma do meu ultimo parágrafo vá ler Lukács ;)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Questionário de Proust

Lá pelos idos de 1886, o então futuro escritor, Marcel Proust, na época com treze anos de idade, estava na festa da prima, Antoinette, e foi convidado a preencher um questionário. Era uma "modinha", como se diz, uma brincadeira que teve origem na Inglaterra vitoriana, e que consistia numa diversão de salão chamada “Confissões”, na qual os participantes respondiam a uma pequena lista de perguntas pessoais. Essa se tornou uma brincadeira bastante comum nos refinados salões da Belle Époque, e se tornou uma fonte de assuntos e de animações para as festas, uma forma original de entreter os convidados.

Proust respondeu ao mesmo questionário duas vezes na vida, a primeira quando era menino, aos treze anos de idade, e outra, já um rapaz de vinte anos, quando servia o exército francês. As respostas do gênio da literatura francesa tornaram o modelo de questionário tão famoso que virou uma espécie de padrão até de entrevistas jornalísticas! Hoje, o pouco que se sabe da vida pessoal de Proust foi praticamente “deduzido” dos questionários respondidos, reencontrados pelo filho da prima Antoinette, e publicados em 1924. Através do questionário, pode-se conhecer bastante da personalidade e das aspirações do escritor, o que sempre instigou críticos, admiradores e fãs. Em homenagem ao autor de Em Busca do Tempo Perdido, que gostava do jogo, a brincadeira é internacionalmente conhecida hoje pelo nome de “Questionário Proust” e como eu sempre gostei de disparates, divido com vocês as minhas respostas:

1. Qual é sua maior qualidade?
Acho que minha maior qualidade é ser intensa. 

2. E seu maior defeito?
Eu não sou boa em definições, talvez essa seja meu maior defeito :B

3. A característica mais importante em um homem?
Eles devem ser carinhosos e firmes. Devem escutar e saber parar uma ladainha... Eles devem olhar para os olhos antes de olhar para o corpo. Eles devem saber usar o seu "jeito protetor"...

4. E em uma mulher?
Elas devem ser gentis e firmes. Elas devem ser acolhedoras e saber escutar. Elas devem ser transparentes e sinceras. Devem dizer o que pensam.

5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
Eles são únicos e intensos. São completos e tem lacunas a serem preenchidas e encaixadas.

6. Sua atividade favorita é...
Dormir e sonhar, eu adoro... mas troco noites de sono por conversas agradabilíssimas que viram a noite.

7. Qual é sua ideia de felicidade?
Olhar para trás e me sentir satisfeita com o que já caminhei; olhar para frente e ter esperança no que está por vir e ter segurança por onde ando.

8. E o que seria a maior das tragédias?
Ser vencida pela própria insegurança, pelo medo, pela dúvida. Ser cega diante da verdade me apresentada claramente.

9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
Não sei. Com certeza me inventaria.

10. E onde gostaria de viver?
Na minha casa, com o meu arrumado e a minha bagunça. Minhas fotos coladas na parede, uma boa música tocando na rádio e felicidade espalhada no ar.

11. Qual sua cor favorita?
Não sei, talvez verde.

12. Uma flor?
Tulipas

13. Um pássaro?
Fenghuang - a fênix chinesa.

14. Seus autores preferidos?
Eu não tenho autores preferidos. Eu tenho algumas histórias favoritas. Quem as escreveu foram: Marcia Kupstas, Janina Bauman, Markus Zusak, Martha Medeiros, Caio Fernando Abreu, Ana Jácomo, Alexandre Dumas, Carpinejar, Meg Cabot, John Grogan...

15. E os poetas de que mais gosta?
Não tenho poetas favoritos também. Gosto de poemas em particular...

16. Quem são seus heróis de ficção?
Aqueles que são mais próximos possíveis dos heróis-nossos-de-cada-dia.

17. E as heroínas?
Todas as que conseguem se destacar e vencer todas as dificuldades impostas pelos homens e mulheres que não tem as características citadas em 3 e 4.

18. Seu compositor favorito é...
Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Nando Reis, Marisa Monte, Arnaldo Antunes...

19. E os pintores que você mais curte?
Não sou uma boa conhecedora da arte de pintar.

20. Quem são suas heroínas na vida real?
Sem dúvida nenhuma minha Mãe, Avó e tia Dinha.

21. E quem são seus heróis?
Eu sou feminina nesse aspecto. Acho que mulheres salvam mais do que homens. Mas estou esperando pra ser salva por um deles. ;)

22. Qual é sua palavra favorita?
Ela não costuma ser a mesma, mas tem sido революция, revolução em russo.

23. O que você mais detesta?
Os donos da verdade.

24. Quais são os personagens históricos que você mais despreza?
Hitler, Stalin, Mussolini, Fleury, Goebbels e uma galera que eu esqueci.

25. Quais dons da Natureza que você gostaria de possuir?
Eu queria ser tipo a Tempestade. (Natureza ou X-Men? #ficaadúvida).

26. Como você gostaria de morrer?
Na tranquilidade, de uma maneira que amenizasse a dor de quem ficasse.

27. Qual seu atual estado de espírito?
Eu estou extremante simpática (?) hoje! :D (sim, acredite!)

28. Que defeito é mais fácil perdoar?
Os que são mais parecidos com os nossos.

29. Qual é o lema da sua vida?
Eu lá tenho lema. :S "Eu digo o que condiz. Eu gosto é do estrago". ♪


E você já pensou sobre o SEU encontro com você mesmo?
Então, quem sabe você não começa como Proust, com um simples questionário dirigido a você mesmo? Além de este ser um ótimo exercício de autoconhecimento, as respostas obtidas podem ser surpreendentes, e até mesmo reveladoras.
Pois é...

(per)seguidores